A alegria é expansiva, ela avigora a circulação, aquece, dá calor ao corpo, anima e robustece o organismo, mantém a saúde, prolonga a vida. A tristeza, ao contrário, é reconcentrada; ela retarda a circulação, arrefece, tira calor ao corpo, desanima e enfraquece o organismo, arruína a saúde, encurta a vida. Mas, como os extremos se tocam, e todo o excesso é mau, se a deprimente tristeza é funesta à existência, a alegria, quando excessiva, materializada, nada racional, não o é menos, pode até fulminar. Por Dr. Antonio Pinheiro Guedes - livro Ciência Espírita.

Constituição da consciência - Por Dr. Antônio Pinheiro Guedes

A consciência é para a criatura como o tribunal para a Sociedade.

Como explicar a constituição da consciência?
Quanto mais penetramos nos domínios psíquicos, tanto mais difícil se torna a marcha; achamo-nos na situação do viajante, que atravessa uma região nunca antes percorrida, para a qual não há vaqueanos, ele tem de caminhar sem um guia, confiando apenas na sua orientação, entregue à sua perspicácia.

Encontra-se, após algumas jornadas ante uma floresta virgem, cujas árvores são numerosíssimas; e, posto que de diversas espécies se assemelham um tanto, pelo que não podem ser facilmente distinguidas; suas copas frondosas ensombram o chão e limitam, encurtam o campo da visão, tornando difícil senão impossível a marcha.
Tal é a minha situação ante o problema da constituição da consciência. Para achar e explicar a constituição da consciência, faz-se preciso a maior concentração da alma sobre si mesma, na mais profunda introspecção criptoscópica em que a atenção, fazendo agir a percepção nessa câmara — o sancta santorum espiritual — rebusca os fatos, agitando a luz da razão em todos os refolhos psíquicos.

Ocorre-me a fórmula do Universo — a variedade na unidade; incontestavelmente base sólida da lei do transformismo, que explica e justifica a doutrina da evolução.

Ora, eu venho demonstrando (e tenho como certo havê-lo feito rigorosamente) a evolução da força, desde o calórico que cria a polarização, a qual produz a coesão e a afinidade; as quais congregadas e transfundidas constituem a força-vital ou biogênica, que se desdobra em assimilatividade, motricidade e sensitividade, cuja sincretização, se denomina força fitogênica, quando cria o reino vegetal, e zoogênica, na criação do reino animal.

A força-vital — bio-fito-zoogênica — se converte por síncrese em Força psíquica — alma humana — pelo predomínio da sensitividade, que em sua evolução produz o tato, a gustação, o olfato, a audição e a visão — os sentidos; neles se manifesta a ação da inteligência.

A vontade tem a sua origem na síncrise da sensitividade com a motricidade predominando esta, como fonte de energia. Da união da inteligência com a vontade nasce a consciência animal, que se converte em consciência espiritual.

A consciência espiritual ou moral é, pois, um aparelho, mas aparelho anímico, dinâmico, não material, psíquico, constituído pela memória, atenção, percepção e compreensão; iluminado pela razão; nele se refletem todos os atos da força psíquica.

Para que possa condenar, como condena, não só os atos, mas os sentimentos e os pensamento, que não traduzem o amor ao próximo, é preciso que a consciência seja influenciada por princípios (seres?) de ordem superior. Ela é, assim, um aparelho sensitivo espiritual, pelo qual a força se comunica.

A consciência é na criatura o que o poder judiciário é no Estado.

Como explicar a constituição da consciência?
Por Dr. Antônio Pinheiro Guedes

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