A alegria é expansiva, ela avigora a circulação, aquece, dá calor ao corpo, anima e robustece o organismo, mantém a saúde, prolonga a vida. A tristeza, ao contrário, é reconcentrada; ela retarda a circulação, arrefece, tira calor ao corpo, desanima e enfraquece o organismo, arruína a saúde, encurta a vida. Mas, como os extremos se tocam, e todo o excesso é mau, se a deprimente tristeza é funesta à existência, a alegria, quando excessiva, materializada, nada racional, não o é menos, pode até fulminar. Por Dr. Antonio Pinheiro Guedes - livro Ciência Espírita.

O que é o mundo - Fisiologia transcedental - Por Dr. Antônio Pinheiro Guedes

O QUE É O MUNDO - FISIOLOGIA TRANSCENDENTAL
Dr. Antônio Pinheiro Guedes
A Oficina, A Escola, O Hospital, A Penitenciária, O Teatro

Essas epígrafes dizem sinteticamente o que é o mundo; são as teses, que me cumpre desenvolver, para completar o monumento da origem, natureza e evolução da alma humana.


A demonstração dessas teses vem coroar a obra; como uma bela cúpula sobre um edifício majestoso, a completa, aformoseia e realça.

A OFICINA

O mundo é para a alma humana — Espírito apenas individualizado, ainda no início de sua evolução — uma oficina de trabalho e uma escola de educação.

À alma, verdadeiro aprendiz, que apenas acaba de fazer entrada na oficina, o mundo apresenta, oferece e fornece matéria-prima, para ser manipulada, e mestres para guiarem-na.
Os mestres são os espíritos cujo tirocínio está concluído, auxiliado por outros cujos conhecimentos, cujo desenvolvimento, conquanto não seja completo, é, não obstante, suficiente para lhes permitir a direção em certos trabalhos.

São considerados, ordinariamente, e erroneamente chamados “anjos da guarda”, “protetores”, “guias”, — os mestres; os espíritos auxiliares são os que têm afinidade espiritual com o encarnado.

Essa é a norma nas nossas oficinas e escolas onde os mestres e chefes entregam à direção de um aprendiz, mais adiantado, um ou mais condiscípulos.

E sente-se, e se reconhece que assim é de fato, realmente; nem podia ser de outro modo; não se aprende sem mestres.

A matéria-prima, que o mundo apresenta e fornece ao espírito, não é toda da mesma natureza, e tem origens diversas: é o fluido etéreo, simplesmente polarizado; a molécula vegetal, e a substância animal; são os fenômenos cósmicos e os pensamentos e fatos sociais; sentimentos das criaturas.

É evidente o trabalho do espírito, quando encarnado, mas o do desencarnado, conquanto seja menos apreciável, não é menos real, é mesmo mais intenso e de mais difícil execução; pois que exerce sobre a matéria-prima de todas as origens.

Os espíritos são partículas da Inteligência Universal.

O PERISPÍRITO — TEORIA E FUNÇÕES

O espírito encarnado labora a matéria do seu corpo, e maneja todas as substâncias do mundo: mecânica, física e quimicamente.

As funções orgânicas não se efetuam, sem consumo dos elementos componentes dos órgãos; os elementos gastos são substituídos, simultaneamente, por outros imediatamente elaborados no seio do organismo.
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Nessa elaboração notam-se duas fases distintas, posto que simultâneas; uma de separação e eliminação do material gasto; outra de agregação, assimilação e consubstanciação da substância orgânica, convertida em célula de cada um, e de todos os tecidos que formam a estrutura dos órgãos.

Na incorporação de novos elementos em substituição dos consumidos, o trabalho do espírito é nimiamente complexo e delicado; cumpre-lhe atender à escolha da matéria, ao aperfeiçoamento e distribuição dos elementos, segundo as funções; ele se transfunde no elemento que incorpora; ele o absorve e individualiza, imprimindo-lhe um cunho peculiar, dando uma feição exclusivamente sua; ele o vivifica.

Na fase de eliminação do material gasto, o trabalho reduz-se à segregação dos resíduos — fluidos líquidos e sólidos; os quais levam consigo as disposições, a vitalidade que adquiriram no organismo de onde se desprenderam.

Assim, pois, ao repositório geral voltam as moléculas e átomos, levando consigo as modificações que receberam.

De simples matéria inorgânica, passaram a substâncias orgânicas; de simples substâncias orgânicas tornaram-se elementos vegetais e elementos animais.

Em cada um desses estados, o fluido etéreo, que acompanha o átomo, a molécula, a célula (porque é o elementos primordial, essencial, que penetra e envolve tudo) recebeu modificações, que lhe imprimem uma modalidade peculiar a cada corpo.

Todos os corpos desprendem emanações, que, se escapam à nossa vista, são observadas pelos médiuns, pelos sonâmbulos e outros sensitivos; os quais as descrevem como formando uma atmosfera, um halo, em torno de todos eles, inclusive os minerais.

É a aura dos Esoteristas, ou o períspirito, dos espíritas.

Do que fica exposto se infere, logicamente, que o espírito elabora o seu períspirito, desde o início de sua formação e individualização; ele é a sua pele e o seu arcabouço; é como a corrente elétrica de que ele é o dínamo; o azeite de que ele é a mecha; são inseparáveis ab oeterno in oeternum.

O períspirito tem por base o fluido etéreo; parte integrante do átomo.

Há, portanto, no repositório comum, muitas ordens de aura ou almas ou períspiritos, desde os que envolvem os corpos brutos, até as que provêm da criatura humana.

E o trabalho do espírito encarnado não se limita ao que acabo de indicar, mas abrange todo o ciclo da atividade humana, na labuta da vida, para satisfazer as suas necessidades, no afã da serva et ipsum; e vai além, suas ideias, os pensamentos que formula, as imagens que cria; os sentimentos, que o agitam e impulsionam, vivem e se movem com o seu períspirito; são agentes que o encarnado maneja.

É prova disso a, hoje bem conhecida, transmissão de pensamento.

E como o pensamento, também o sentimento se transmite.

A sugestão e a obsessão têm aí a sua base.

O espírito desencarnado utiliza-se desse fluido para realizar os seus trabalhos; servindo-se do animalizado, para se materializar, tornar-se visível e palpável; e, se tem de apresentar a forma de um animal, ou vegetal, ou o movimento, a deslocação de corpos, recorre ao fluido correspondente à natureza do fenômeno que quer produzir, buscando o da espécie animal, e mais particularmente o idêntico ao tipo; mamífero, ave, inseto, réptil, etc.

Como se vê, o laboratório é vasto, e os operários que produzem a matéria-prima — o fluido polarizado — nos corpos minerais, devem trabalhar, e trabalham efetivamente, sem cessar, a fim de fornecer os elementos de que se servem os espíritos desencarnados, para produzir a variedade infinita dos fenômenos do Universo.

E assim o mundo é uma oficina de trabalho, tanto para o espírito encarnado, como para o desencarnado.

A ESCOLA

Como escola prática de educação, o mundo oferece à alma dois grupos distintos de aulas: um destinado à instrução propriamente dita, cultura intelectual; outro, destinado à educação, cultura moral.

Na oficina o espírito vitaliza e animaliza a matéria, tornando-a apta para formar o corpo astral, corpo anímico ou períspirito.

É esse o trabalho que, com o auxílio do criptoscópio, lobrigamos na oficina.

A escola, no seu grupo de aulas para cultura intelectual, é tão completa, tão pródiga mesmo, que nenhum aluno conseguiu ainda, nem jamais conseguirá, completar o curso, senão após numerosas matrículas, para frequência com assiduidade e aproveitamento.

No grupo das de cultura moral e formação do caráter ou educação propriamente dita, as aulas são ainda mais numerosas, constituindo diversos cursos, cada qual mais difícil; desde aquele em que se deve modificar uma simples disposição viciosa, até aquele em que devem ser corrigidos defeitos e vícios inveterados: a vaidade, a desídia, a luxúria, a inveja, a maledicência, a mendacidade, o latrocínio, o ciúme, a ira, o ódio, o orgulho e tantos outros vícios, que tornam o homem infeliz e fazem o atraso da humanidade.

Na oficina o espírito pule a matéria; na escola a alma é polida pelo atrito das paixões com os interesses: lá o esmeril é a necessidade; aqui é a dor.

Quer num, quer noutro caso, a reencarnação ou volta da alma à vida corpórea, é a matrícula na escola; ela, não só é indispensável, como ainda é o único meio, é o único recurso, que há para frequentar as aulas; e, sem essa frequência a alma não pode mostrar-se habilitada, e, sem estar habilitada, não terá acesso, permanecerá na escola, como ouvinte, sem direito ao exame, à prova; direito que só a matrícula — a encarnação — pode dar.

A matrícula — a reencarnação — se repetirá tantas vezes quantas forem necessárias para completa e perfeita habilitação da alma, demonstrada por provas irrefragáveis.

Então, mas só então, o espírito passará a ser puro capaz de evolar a outro mundo.

Muitas são as moradas (mundo) que rolam no espaço, disse Jesus, e também nos provou ser o nosso Mestre; mas de suas palavras também se infere que este mundo, sendo uma das moradas, é igualmente a escola de que ele é o Mestre.

Ora, a Astronomia nos ensina que os astros, que giram em torno do sol, são outros tantos mundos; e, portanto, na frase de Jesus, outras tantas escolas, para onde e por onde o espírito terá de passar, impreterivelmente, na sua marcha evolutiva para a perfectibilidade — o Grande Foco, sua fonte de origem.

Sendo os planetas, morada dos espíritos, dessas moradas é composto o Universo; e o Universo é infinito.

Logo, a marcha evolutiva do espírito para a perfectibilidade é intérmina; a perfeição está no infinito que é o Grande Foco.

O HOSPITAL

Fácil é a demonstração de que o mundo é um hospital para as criaturas.

A alma humana é o produto da evolução da Força através do reino animal.
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Ficou provado que o fluido etéreo é inseparável do átomo; ele se revela, como aura, em todos os corpos e seres, apresentando as modificações que cada grupo lhe imprime.

Ora, a alma humana se forma, atravessando a fieira animal, do micróbio ao antropoide.

Cada indivíduo imprime certa modificação à sua aura, ao seu períspirito, segundo as necessidades de sua existência.

Cada indivíduo concorre para constituir o caráter do grupo, que se compõe de diversos graus, desde a variedade até a espécie.

O perispírito retém, guarda, conserva a modalidade adquirida durante a vida corpórea do ser.

E, pois, a Força psíquica, quando chega a ser espírito humano — alma — tem, necessariamente, gravado no perispírito todas as qualidades distintas, características das espécies animais; qualidades que são as condições indispensáveis à manutenção da vida para cada um deles; para este a audácia, para aquele a timidez; ora a ostentação, logo o disfarce; e assim: a astúcia, a ganância, a velhacaria, a versatilidade, a hipocrisia, a imprudência, a vaidade, o orgulho, a teimosia, a ferocidade e muitíssimas outras, que o estudo da vida dos animais tem patenteado: as quais são virtudes nos animais e vícios no homem.
Além dessas disposições viciosas, oriundas do processo de sua formação, outras são criadas, hauridas no meio em que se desenvolve o espírito, provenientes de suas relações e muitas outras circunstâncias; tais são: a ambição, a mendacidade, o latrocínio, a venalidade, a maledicência, a luxúria, o fanatismo, o cepticismo, etc., os atentados aos bens, à honra e à vida dos seus semelhantes.

Tudo isso constitui estados mórbidos da alma, mais ou menos inveterados, que importa curar; e para os quais o remédio está nas variadíssimas condições de vida; desde o estado selvagem, com sua dureza, até o da maior civilização, com suas hierarquias e numerosíssimas profissões, desde as mais humildes até as mais elevadas; com sua multiplicidade de funções, desde as mais baixas e repulsivas até as mais honrosas e agradáveis; de um extremo a outro, para cada chaga se encontra um bálsamo; para cada cancro, um antídoto; para cada úlcera, um cautério.
É, como disse Hipócrates: Ea quae ferrum non sanat, ignis sanat.

A cura é sempre possível; ela há de realizar-se impreterivelmente; depende de tempo e severidade na aplicação do remédio.

E, assim, vê-se que o mundo é sim, de fato, um Hospital.

A PENITENCIÁRIA

O mundo Terra é também, indubitavelmente, ai de nós! Uma penitenciária.

Para prova, basta apontar para as desgraças e misérias da vida, que pesam sobre a população de uma cidade, como o Rio de Janeiro.

Os acidentes, os desastres, os atentados, os crimes; uns bárbaros, outros hediondos, são outras tantas penas de Talião — quem com ferro fere, com ferro será ferido.

A cegueira, a surdo-mudez e todos os aleijões de nascença, os vícios de conformação, as monstruosidades, são decerto, incontestavelmente, penas, castigos, expiações, porém, na maioria dos casos tudo isso é fruto da ignorância humana, do livre arbítrio, pois se todo o vivente humano conhecesse a sua composição astral e física, daria combate às enfermidades, seria comedido em todo o seu viver, e sendo-o evitaria, portanto, o avassalamento do lar.

A ciência materialista se expande sobre o como de tais fenômenos; sobre o porquê, é muda; porque ela o ignora.

Como auxiliar a justiça indefectível com tais fatos?

É ou não um sofrimento tremendo para os pais, ver nascer e viver cego ou surdo-mudo, sem pés, sem mãos e até sem pernas e sem braços, seus filhos?

É ou não uma tristeza ficar idiota, cretino, epiléptico?

Ninguém dirá "Não". Todos pensam e sentem que o é.

Portanto, a criatura delinquente nesta ou noutra encarnação, tem que responder pelo mal feito: a falta pede, exige corretivo; o delito, a pena.

Assim, compreende-se o fato, reconhece-se a Justiça Suprema, o Grande Foco surge em nossa consciência, clarividência o espírito, mostra-nos a razão.

O TEATRO

Mais verdadeira do que pensam muitos, dos que a empregam, é a frase: o mundo é um teatro.

Sim; o mundo é um cenário onde se desenrolam os dramas da vida, as comédias, as tragédias e também as farsas; é mesmo, muita vez, um teatro de bonecos.

Cada indivíduo é, de fato, um ator no cenário do mundo; e frequentemente um comediante, um farsista.

Assim como o ator é entidade dupla, quando entra em cena representando um personagem, fictício ou verdadeiro, cujo caráter o autor da peça procura salientar pelos pensamentos e sentimentos, que lhe atribui; os quais o ator tem de interpretar e manifestar nas atitudes, gestos, entonações da voz e nas mais insignificantes minudências de uma existência muí diversa da sua; assim também as criaturas representam duas entidades: uma íntima — a real — outra fictícia ou fingida — a que se ostenta na sociedade, a que apresenta aos olhos do mundo.

O entrecho das peças é urdido das fraquezas, vícios e torpezas da mísera humanidade.

Sobre o palco, a virtude, a honradez, a inocência, triunfam ordinariamente; mas na grande cena social, nesse teatro, onde todos são atores, o que triunfa é a esperteza, a habilidade na arte de iludir; é a dissimulação, a hipocrisia e a fereza com que se sacrifica tudo à plutocracia.

A origem de todas as misérias, que constituem a trama, a urdidura, o enredo das comédias e tragédias, que se representam cotidiana e incessantemente neste Pandemônio, é a descrença que lavra nos espíritos, nas almas; a sede de gozo neste mundo, porque é geral a dúvida sobre a realidade de uma vida futura; é o efeito de uma religião, todas exterioridades, prometendo prêmios e penas irrisórias, recompensas e castigos, em que ninguém acredita; é a relaxação dos costumes, fruto do consórcio do sensualismo com o ceticismo.

O desejo, a sede de gozos, inerentes à natureza humana, ligada à dúvida ou à descrença sobre a realidade da existência da alma e, consequentemente, sobre a de uma vida futura, real e positiva; esse consórcio danado produziu a tirania, que avassala, domina, subjuga as sociedades civilizadas, impondo-lhes uma organização que cria a necessidade de ilaquear, fingir, iludir, sofismar para ter alguma, não perder de todo a liberdade; porque, opor-se altivamente, lutar às claras, é buscar ser esmagado, isto é, quando o homem não é esclarecido, não tem convicção da Verdade.

Eis porque, como o demonstrou o eminente Max Nordau, a Mentira é a rainha do mundo.

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“Os trabalhos de Limpeza Psíquica são muito importantes para este mundo, inclusive para que possamos intuir as pessoas de bem, para chegarem ao esclarecimento tão necessário neste mundo, onde campeiam a decadência moral, os erros, unicamente por falta de esclarecimento.” Dr. Antônio Pinheiro Guedes — Livro Para Quando os Reveses Chegarem – Capítulo 8 – Item 15

O QUE É O MUNDO - FISIOLOGIA TRANSCENDENTAL
Por Dr. Antônio Pinheiro Guedes

Fonte: Livro Ciência Espírita